08/10/2021 | Por: Talisson Lange
A Administração Municipal de Três Passos, através das Agentes de Combate a Endemias (ACE), em parceria com as Agentes Comunitárias de Saúde (ACS), Vigilância Sanitária e Secretaria de Obras e Viação, estão trabalhando intensamente para zerar os casos de dengue em nosso município.
O ano de 2020 ficou historicamente marcado pela proliferação do mosquito Aedes Aegypti, quando foram notificados 507 casos de dengue, sendo 449 confirmados e quatro diagnosticados como Zika Vírus. Já em 2021, até agora apenas três casos de dengue foram confirmados, e 29 notificações foram confeccionadas.
Para este significativo resultado de diminuição no número de casos, é necessário muito trabalho. Até este momento foram realizados vários mutirões de limpezas, totalizando 90 toneladas de lixo recolhido. Além disso, também está sendo aplicado o fumacê em bocas de lobo e educandários.
Neste ano de 2021, 20.641 domicílios foram vistoriados por esta frente de trabalho, através de visitas diárias, constatando os maiores problemas em caixas d’água, no qual a Prefeitura Municipal disponibiliza gratuitamente sombrite para a distribuição nos locais com este específico problema, somando até agora mais de 250 metros do material, e 500 pedras de cloro.
A equipe de Agentes de Combate a Endemias é formada por cinco integrantes ativos, que atendem o total de 13.738 domicílios, as quais visitam em média 800 a 1.000 locais a cada dois meses, para um trabalho de orientação, notificações protocoladas, vistoria de denúncias e Pontos Estratégicos (PES), como postos de combustíveis, borracharias e cemitérios, para evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, que é o vetor principal da Dengue, Zika Vírus e Chikungunya.
Um trabalho extra que a equipe realiza é a visita mensal em localidades do interior, chamado de PIT (Posto de Informação de Triatomineos), para a não proliferação do “barbeiro”, responsável pela transmissão da doença de chagas.
A Administração Municipal reforça o pedido para que os munícipes de Três Passos façam a sua parte para a prevenção, e tome os devidos cuidados para a não proliferação do mosquito, e que recebam a equipe de agentes em suas residências quando for necessário.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 4 bilhões de pessoas estejam vivendo em áreas com risco de infecção pela doença. Anualmente, 390 milhões de casos são registrados no mundo, dos quais 96 milhões se manifestam clinicamente. A dengue afeta 128 países e é considerada uma doença negligenciada pela OMS.
Na região das Américas, a doença tem se disseminado com surtos cíclicos ocorrendo a cada 3/5 anos. No Brasil, a transmissão vem ocorrendo de forma contínua desde 1986, registrando o maior surto da doença em 2013, com aproximadamente 2 milhões de casos notificados.
A dengue é uma doença febril aguda sistêmica de origem viral. Nos últimos 50 anos, o número de casos de dengue no mundo tem aumentado dramaticamente.
Causa
A dengue é causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes) que se apresenta em quatro tipos diferentes: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Atualmente os quatro sorotipos circulam no Brasil intercalando-se com a ocorrência de epidemias, geralmente associadas com a introdução de novos sorotipos em áreas anteriormente não atingidas ou alteração do sorotipo predominante.
Transmissão
O vírus é transmitido pela picada de mosquitos da espécie Aedes que também são responsáveis pela transmissão da chikungunya, febre amarela e Zika.
Sintomas
A dengue pode ter diferentes apresentações clínicas e de prognóstico imprevisível. Os primeiros sintomas aparecem de quatro a 10 dias depois da picada do mosquito infectado. A doença começa bruscamente e se assemelha a uma síndrome gripal grave caracterizada por febre elevada, fortes dores de cabeça e nos olhos, além de dores musculares e nas articulações.
Durante a evolução da doença, destacam-se três fases: febril, crítica e de recuperação. Na fase crítica da dengue (entre o terceiro e o sexto dia após o início dos sintomas), podem surgir manifestações clínicas (sinais de alarme) correspondentes a uma complicação da doença potencialmente letal chamada dengue grave (conhecida anteriormente como dengue hemorrágica), que aparecem devido ao aumento da permeabilidade vascular e da perda de plasma, o que pode levar ao choque irreversível e à morte.
Os sinais clínicos de alarme da dengue grave são: dor abdominal intensa e contínua; vômitos persistentes; hipotensão postural e/ou lipotimia (tonturas, decaimento, desmaios); hepatomegalia dolorosa (aumento de tamanho do fígado); sangramento na gengiva e no nariz ou hemorragias importantes (vômitos com sangue e/ou fezes com sangue de cor escura); sonolência e/ou irritabilidade; diminuição da diurese (diminuição do volume urinado); diminuição repentina da temperatura do corpo (hipotermia); e desconforto respiratório.
Uma infecção curada de dengue confere ao paciente imunidade contra o tipo de vírus responsável. Por existirem quatro tipos diferentes de vírus, para estar totalmente imunizado, é necessário ter tido contato com todos eles. Caso contrário, a cada contágio com um novo tipo de vírus, os sintomas são mais intensos e o risco de desenvolver a dengue grave é mais alto.
Diagnóstico
O diagnóstico da dengue é feito comumente mediante sorologia para determinar a presença de anticorpos contra o vírus no sangue, mas não determina especificamente qual tipo de vírus é responsável pela infecção. Métodos de biologia molecular mais elaborados podem ser utilizados para detectar as proteínas do vírus.
Tratamento
Não existe tratamento específico para dengue. Os cuidados terapêuticos consistem em tratar os sintomas: combater a febre e, nos casos graves, realizar hidratação por via intravenosa. O atendimento rápido para a identificação dos sinais de alarme e o tratamento oportuno podem reduzir o número de óbitos, chegando a menos de 1% dos casos.
Prevenção
Atualmente, a principal forma de prevenção é o combate aos mosquitos – eliminando os criadouros de forma coletiva com participação comunitária – e o estímulo à estruturação de políticas públicas efetivas para o saneamento básico e o uso racional de inseticidas.